Queda do PIB neste ano será de 4,2%, desde que medidas econômicas sejam efetivas
A economia encolherá 7,3%, em comparação a 2019, se as ações não evitarem fechamento de empresas nem aumento do desemprego ou queda na renda. Em cenário de recuperação rápida, menos provável, PIB cai 0,9%
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que o grau de sucesso das medidas econômicas, para reduzir os impactos da crise provocada pelo coronavírus, e a extensão da quarentena serão determinantes para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Diante disso, o estudo Informe Conjuntural divulgado nesta segunda-feira (11), traça três cenários para 2020: um pessimista, um base e um otimista. Em todos eles, a economia brasileira encolherá, refletindo a retração já observada em março, que se mostrou forte o suficiente para reverter o resultado positivo do primeiro bimestre.
O cenário mais provável é o base, em que a soma de todos os bens e serviços produzidos no Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB), cai 4,2% – a previsão pré-coronavirus, feita em dezembro de 2019, era de crescimento de 2,5% neste ano.. Essa queda ocorrerá se as políticas de auxílio econômico forem suficientes para impedir a insolvência de um número grande de empresas e evitar, de forma significativa, a redução da renda das famílias durante o isolamento social, que – neste cenário – começaria a ser flexibilizado neste mês de maio.
“A expectativa é de que as medidas econômicas para enfrentar a crise vão, neste cenário, possibilitar uma recuperação mais rápida, impedir a falência de um grande número de empresas e o aumento significativo do desemprego, além de reduzir os impactos sobre problemas logísticos, falta de insumos e sobre o emprego e, assim, possibilitar uma recuperação mais rápida”, explica o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
O PIB industrial vai recuar 3,9% neste ano em relação ao ano passado em um cenário base. Em um cenário pessimista, a queda será de 7%. No melhor das hipóteses, espera-se retração de 1,8%.
Cenário traz desafios para a retomada da economia
Mesmo assim, esta simulação prevê que não será possível evitar totalmente o fechamento de empresas, a queda do faturamento e dificuldade de acesso ao crédito, o que tornará os empresários mais cautelosos, com efeitos negativos diretos sobre o PIB. Há também o fato de o comércio internacional ter sido bastante afetado pela pandemia, o que dificultará o crescimento das exportações brasileiras. Esse cenário também depende da evolução da pandemia, pois ainda não se sabe se o avanço do coronavírus vai permitir o relaxamento das medidas mais duras de distanciamento social.
Na avaliação da CNI, o Estado precisa continuar na busca pela redução da dívida pública, comprometido com o equilíbrio fiscal e com o controle da inflação, para aumentar a confiança no país e a atração de investimento. O governo terá o desafio, ainda, de conciliar essas metas com uma política fiscal expansionista, ainda que controlada, com redução da carga tributária e aumento dos investimentos públicos.
“O primeiro passo é manter a agenda da competitividade. Para sair da crise de forma sustentada, o país precisa, mais do que nunca, eliminar o Custo Brasil, com uma reforma tributária que crie um sistema mais eficiente e menos complicado”, explica Robson Braga de Andrade. Essa agenda, ainda que apresente poucos resultados de curto prazo, é fundamental para a atração de investimentos e para o crescimento de longo prazo.
O Informe Conjuntural mostra que, se as medidas de auxílio econômico se mostrarem insuficientes para impedir uma redução forte na renda das famílias e uma falência generalizada de empresas, a queda do PIB brasileiro será de 7,3%.
A crise provocada pelo coronavírus atinge o Brasil em um momento delicado. O país ensaiava a recuperação de uma retração que derrubou o PIB em mais de 7% até 2017, resultou em mais de 12 milhões de desempregados no início de 2020 e deixou famílias e empresas em situação financeira debilitada.
PIB brasileiro cairá 0,9% neste ano em cenário otimista, o menos provável
Em um cenário otimista, embora menos provável, as medidas econômicas de proteção da renda e de acesso ao crédito vão evitar que os efeitos econômicos de março e abril tenham impactos permanentes, com queda significativa do emprego e da renda e que não desestruturem os canais de distribuição e acesso aos insumos.
Nesse cenário os impactos da crise são mais brandos do que no previstos no cenário base e, assim, os estímulos fiscais e monetários serão capazes de impulsionar a economia. Por fim, os agentes econômicos, famílias e empresários devem abandonar rapidamente uma postura mais cautelosa tomada durante o período mais severo da crise.
Dessa forma, a recuperação será mais rápida, com a atividade, já em agosto, de volta ao nível de fevereiro de 2020. A queda do PIB no primeiro trimestre, nesse cenário, será de 2,0%, enquanto no segundo alcançará 3,8%.
Avaliação das medidas emergenciais para combater crise gerada pelo coronavírus
Uma série de medidas foram adotadas pelo governo federal para enfrentar a crise de saúde pública e econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus. A questão agora é garantir que essas medidas sejam efetivas e tenham a intensidade necessária. Além disso, ainda faltam novas medidas para que as empresas tenham acesso aos novos recursos disponíveis para financiamento.
Em momentos de elevado risco, como o atual, as instituições financeiras elevaram os custos e as exigências de garantias para realizar as operações. Para a CNI, a saída para o problema do acesso ao crédito exige que o risco seja assumido pelo Tesouro Nacional, como ocorreu na Europa e nos Estados Unidos. “É o único modo de se minimizar pedidos de falência de uma grande quantidade de empresas e o desaparecimento dos empregos”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
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