Empresas tentam ações para criar funcionário ‘feliz’
Sorria, você está em seu ambiente de trabalho.
Já pensou na existência de empresas que se preocupam genuinamente com a felicidade de seus colaboradores? Atividades e propostas inovadoras para propiciar o bem-estar dos funcionários já fazem parte do mundo corporativo.
A analista financeira Sueli San, 42, trabalha há 13 anos na IBM do Brasil, empresa que, para aumentar a confiança e o engajamento dos trabalhadores, criou iniciativas como dias sem “dress code”, programas de saúde e incentivo ao uso de bicicleta, além de práticas de atenção plena, ou mindfulness.
Há pouco mais de dois meses, Sueli iniciou o curso de mindfulness, oferecido a 20 colaboradores de cada vez durante oito semanas.
Praticando os exercícios de controle e concentração, já sente efeitos como a melhora da autoestima, da autoconfiança e a diminuição da ansiedade. Agora, retomou projetos deixados de lado, como o MBA e as aulas de dança.
No trabalho, ela diz que as aulas a ajudaram a pensar em uma nova proposta para ganhar agilidade e eficiência. O próximo passo é apresentá-la para todo o departamento.
Sueli afirma que hoje sua maior motivação é se ver sorrindo e que está pronta para sugerir ao médico que diminua a dosagem do antidepressivo que toma há 12 anos.
A sociedade deve aos chamados millennials, nascidos entre 1980 e 1996, essa guinada para a busca da felicidade como elemento de satisfação profissional e produtividade.
Elisabete Adami, professora de administração da PUC-SP, conta que essa geração privilegia flexibilidade, liderança inspiradora, mobilidade na empresa e oportunidades internacionais.
Bem diferente de épocas anteriores, em que segurança e estabilidade eram as maiores preocupações.
“As gerações mais velhas se mostravam mais dispostas a sacrificar a vida pessoal, mas as mais novas não têm essa disposição. Elas buscam a felicidade no trabalho e nas outras áreas de suas vidas”, afirma a psicóloga Flora Victoria, diretora da Sociedade Brasileira de Coaching.
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Durante os primeiros dez anos como advogada, Lucila Lobo, 33, percebeu que estava presa a uma forma de trabalho que não fazia sentido para ela. “Faltava tempo para a vida e para a criatividade”, afirma Lobo, que hoje é consultora de carreira.
“Encontrar o trabalho ideal é um processo cheio de curvas e que envolve tentativas, erros, pesquisas e experimentação. É o que deveríamos ser instigados a fazer no fim da adolescência, mas que é substituído por testes vocacionais e pela pressão da escolha da faculdade”, diz ela.
A satisfação no trabalho depende de autoconhecimento. Nesse sentido, a teoria das “âncoras de carreira”, do especialista americano Edgar Schein, pode ajudar.
Trata-se de uma composição de oito fatores de motivação: desafio puro, estilo de vida, dedicação a uma causa, segurança e estabilidade, criatividade empresarial, autonomia e independência, competência técnica e funcional e competência administrativa geral. O perfil profissional de uma pessoa passa por algumas dessas competências, mas é preciso descobrir quais.
Ainda pouco explorado no Brasil, o ramo da psicologia positiva visa melhorar a performance profissional considerando dimensões biológicas, pessoais, relacionais, institucionais e culturais.
“As organizações podem, e devem, investir na criação de condições mais propícias para que isso ocorra. Mas também é necessário que o funcionário seja ativo na busca por sua satisfação profissional”, afirma Victoria.
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54%
dos profissionais se sentem felizes no escritório
8%
se sentem muito infelizes dentro da empresa onde trabalham
20%
não veem a discussão sobre felicidade e bem-estar na carreira como uma prioridade na gestão